Estou na
segunda Caixa Carpe Diem, A caixa de número 9 passei para minha amiga Adriana
Biasoli e agora estou com a Caixa de número 50.
Mais do que
aprovado pelo conteúdo, o que me fascina nesse projeto é a ‘conversa lenta’ e
prazerosa com a poesia. Idealizado por Douglas Jefferson, 22 anos, ele mesmo um
poeta, as caixas de poesia fazem muito bem a alma, por isso deixo aqui a
entrevista que fiz com Douglas, que tão bem explica o passo a passo para a
criação das caixas.
1. De onde surgiu a ideia do Projeto Carpe Diem?
Em 2014 eu tive o desejo de presentear uma
pessoa com poemas depositados em uma caixa, onde ela deveria retirar um por dia
até acabar. Penso que este foi o movimento embrionário do projeto.
O projeto surgiu na madrugada do dia primeiro de
janeiro de 2015, nas primeiras horas do ano, em uma conversa com a amiga
Natália Cruz.
Foi aí que eu estabeleci que gostaria de levar a
ideia para todos os Estados do país como forma de disseminar poesia na
sociedade. As pessoas que desejassem fazer parte do projeto deveriam imprimir
os poemas, que eu enviaria por e-mail, recortá-los, dobrá-los e coloca-los
dentro de uma caixa. Então elas deveriam tirar um poema por dia durante um mês
e, ao término, deveriam passar a caixa para outra pessoa, formando uma corrente
poética.
Mais tarde, com o auxílio da amiga Bárbara
Bonani, uma atriz de comerciais televisivos, nós começamos a agregar novos
valores ao projeto. Foi dela a ideia de introduzir uma “ação do bem” junto de
cada um dos 31 poemas, frases e textos pertencentes a Caixa Carpe Diem.
Ainda na fase de desenvolvimento e seleção de
conteúdo, que levou um mês inteiro, tive o auxílio da amiga Ester Barroso, dona
da página de poesia no Facebook “Moça, você é mais poesia que mulher” e meu
braço direito na divulgação do projeto.
No momento estamos em vinte Estados do Brasil,
além do Distrito Federal, e alguns lugares dos Estados Unidos, mas não queremos
parar. Com a ajuda das pessoas que gostam de poesia podemos alcançar todos os Estados
brasileiros e, no futuro, todos os continentes.
O projeto é filosófico e tem por objetivo
influenciar o leitor, estimulando-o a práticas altruístas; a um empoderamento
pessoal; e a empatia com outros seres humanos, considerando ainda a paz que brota
de quem tira alguns minutos para cuidar da alma.
2. Porque você escolheu esse nome?
Inicialmente eu tinha dado o nome de Caixa
Poética, mas como havia outros projetos com o mesmo nome, optei por Carpe Diem.
A expressão vem do latim e significa "aproveite o dia" ou "faça
o seu dia valer a pena" e se encaixa perfeitamente na ideia proposta pelo
projeto.
A filosofia de vida Carpe Diem se popularizou no
filme Sociedade dos Poetas Mortos, de 1989, e desde aquela época vem inspirando
milhares de pessoas ao redor do mundo. Quem ainda não assistiu, vale ver.
"Carpe diem quam minimum credula
postero" como disse Horácio Flaco, poeta e filósofo da Roma Antiga,
significa: "aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no
amanhã", o que é um conselho tremendamente sábio, visto que o futuro é
incerto e que nós não sabemos o dia de amanhã. O que temos de certo é o hoje,
assim devemos fazer da nossa existência, algo singular e significativo.
3. Quantas pessoas estão participando?
Somos mais de 50 pessoas! Todos estão convidados
a participar. Para isso, tudo o que você precisa é de uma caixa (16 por 20
centímetros, no mínimo), um envelope (onde serão depositados os poemas que já
foram lidos) e uma impressora para imprimir os poemas. Então envie um e-mail
para caixacarpediem@outlook.com que eu, o mais breve possível, lhe enviarei o
conteúdo e todas as instruções referentes ao projeto.
4. Você tem noticias de quem já terminou os 31
dias de poesia?
Sim, algumas pessoas já terminaram o projeto e
passaram a caixa adiante. O depoimento dessas pessoas mostra que a ideia funciona
e o quanto é importante considerar os pequenos detalhes da vida, perfumando sua
existência com ternura, amor ao próximo e poesia.
5. Mais algum comentário?
Eu gostaria muito de ver o Projeto Carpe
Diem sendo publicado por alguma editora. Minha amiga Claudia McClure deu a
ideia de um livro interativo onde as pessoas leriam uma página de poesia ao
dia, com espaço para reflexões, fotos, desenhos e o que mais quiserem colocar.
Nesse caso, queria expandir o projeto para hospitais, asilos e outros lugares
onde a poesia precisa chegar para suavizar a dureza da vida.
Veja aqui trechos de depoimentos de pessoas que
já participaram do projeto:
“Amei a experiência. Foi incrível. Eu consegui reatar
alguns laços que eu achei que tinha perdido. Na ação de escrever uma carta, eu
escrevi para a minha mãe, com quem estava mantendo um contato superficial. Ela
ficou tão feliz e emocionada com a carta que choramos juntas... Algumas poesias
eu gostei tanto que colei em lugares visíveis no meu quarto, assim posso
reler...” [Catarina Pinheiro -Vitória da Conquista, Bahia]
“Eu adorei participar desse projeto, foi uma
experiência maravilhosa que me inspirou fazer isso com a minha família. Neste
mês de julho eles irão mudar de cidade e devido ao trabalho e faculdade não
poderei ir junto, então vou fazer uma caixa para cada um deles assim, através
da poesia estaremos um pouquinho mais perto. [...] Espero que muitas pessoas
tenham a oportunidade de participar." [Adriana Aroucha - Sorriso, Mato
Grosso].
“Amei participar do projeto e em breve quero
poder fazer mais uma caixa. A cada manhã lia exatamente o que eu precisava.
[...] Foi mágico e enriquecedor.” [Geslanne Sousa - Teixeira de Freitas,
Bahia].
“Gostei bastante da experiência. Todo o dia
ficava ansiosa para saber que mensagem me aguardava! (...). Ao cumprir o
desafio de “observe o céu alguns minutos”, me lembrei da infância, de quando
olhava para o céu e via desenhos nas nuvens. E, os dragões e dinossauros em
forma de algodão doce ainda estavam lá no céu e me sorriam. Sorri de volta. A
“criança” criativa e sonhadora que se diverte com aquilo que tem em mãos
continua aqui.” [Nathy Belmaia - Londrina, Paraná].
“Minha experiência com a caixa foi maravilhosa!
Descobri que sou mais sensível do achava que eu era; muitas vezes as ações
batiam com coisas que eu já tinha feito no dia. Como uma vez que tirei de noite
a ação de olhar fotos antigas e eu tinha passado o dia todo vendo álbuns que
estavam na casa da minha avó. A ação que eu mais gostei de fazer foi a de alimentar
um cão na rua!” [Gabriela Alvissus - Taubaté, São Paulo].
“Uma amiga de uma cidade aqui vizinha, Queimadas
PB, me concedeu a honra de levar adiante esse projeto, o qual segui até o fim
da maneira como determinam as regras. Confesso que eu adorava a sensação de
todo dia pela manhã ler um poema ou um pensamento reflexivo, cumprindo a ação
diária. Me senti mais humano e até mais próximo de Deus. Muito obrigado a todos
vocês!” [Paulo Seixas - Campina Grande, Paraíba].
“Apeguei-me tanto a cada palavra do projeto, cada
ação, que acabei repetindo-o por umas três vezes. Acontece que tem sentimento
que só um poema ou uma prosa pode entender. E pode acreditar que cada
papelzinho ali entendeu muito bem cada necessidade diária. Era um alívio pra
mim. No projeto apreciei o trabalho de escritores
novos e antigos... Reli poemas que há muito tempo eu não lia (...) Eu, como
futura professora (me formo ano que vem), vou usá-lo em sala de aula.” [Renata
Silva - Cerquilho, São Paulo].
“Participar deste projeto nos torna parte
fundamental do início de uma jornada de 31 dias. Desde a elaboração da caixa, a
impressão e o recorte dos poemas... Foi muito bom esse passo a passo. Nada
melhor que iniciar um projeto dizendo “te amo” [que é uma das ações propostas];
a sensação é distinta pelo fato de você sentir o amor, mas não ter o hábito de
dizê-lo. Cada pedacinho de papel que eu abria me fazia perceber mais as coisas
que aconteciam ao meu redor; coisas que aconteciam até mesmo coincidentemente
com a ação do dia. Poemas que me fizeram refletir e suspirar profundamente
(...)” [Paula Oliveira - Manaus, Amazonas].